quinta-feira, 30 de julho de 2009

... Por que deu vontade!

Pedaços que descolaram de mim e caíram por aqui...

Texto 1 - Manual de Sobrevivência...
Retourn to Innocence (Enigma):

Love-Devotion / Feeling-Emotion

Don't be afraid to be weak / Don't be too proud to be strong / Just look into your heart my friend / That will be the return to yourself / The return to innocence.

If you want, then start to laugh / If you must, then start to cry / Be yourself don't hide / Just believe in destiny.

Don't care what people say / Just follow your own way / Don't give up and loose the chance / To return to innocence.

That's not the beginning of the end / That's the return to yourself / The return to innocence.


Texto 2 - Sex in the City
As horas fustigam minha paciência com sua lentidão e ineficiência perante minha pressa. Passo a passo, aguardo o momento exato, envolto em pensamentos que não me distraem, nem me acalmam. Chegada a hora, explode-se uma miríade de emoções positivas, e me conduzem abaixo pelas escadarias, até o encontro romanceado e bucólico no meio da noite.

Abraços e risos, e beijos e momentos. Destino incerto é verdade, mas nem por isso, triste. A cidade é uma semente, e a noite é o ventre, resultado dessa relação, o prazer, é todo nosso. Do blues e do jazz que nos conduz, aos pensamentos mais elevados de nossa consciência, exprimimo-nos com tamanha excelência, que me marejam os olhos.

Em cada momento, sinto que de soslaio nos observam. É inveja, meu bem! Não se preocupe... tudo isso porque somos felizes. A gente sofre, é bem verdade, mas goza a vida em plenitude. Infinito é meu gostar de você.


Texto 3 - Dupla Personalidade
Dois dragões em duelo secreto sob as montanhas. É um querer bem, sem direcionar a quem, e sem saber de quem ou de onde vem. Busco no prazer minha salvação, mas onde encontra-lo ainda é uma questão... Se não pode ser no passado que não me condena, seria no futuro que me amedronta?

É um prazer saber que estou tão longe assim do mundo, e tão perto de mim. Deliciando-me com minhas doces confusões, e desmistificando minhas infantis ilusões. Revelado estou! Andando nu por uma enxurrada de bons presságios, pensamentos válidos e mais um monte de bobagens que podem me agradar.


Texto 4 - Materializando Sentimentos
De uma caixa de lápis em punho, preparo meu duelo com a folha branca, indiferente. Fria e impessoal, ela não se dá o trabalho de me encarar... pois esta é sua superioridade: ela é pura, e eu não. Carregado de emoções transbordantes, cores vivas em pontas revestidas de madeira, trago no peito um sentimento e na mente uma imagem.

Num ato de pura devoção, me debruço sobre a folha incólume, e despejo minha seiva sobre a celulose processada. Traço a traço, vida se faz, e a cada nova cor vejo o espelho de minha alma sendo refletido pelo papel. Eis que surge a imagem, antes apenas visualizada, agora materializada...

Meus desenhos são partes de mim, expressões de minha vivência, resultados de minha experiência... fazem muito mais sentido como Arte do que enquanto sentimento. Desenhar é necessário. É terapêutico. É autoconhecimento.


Texto 5 - Regeneração
1) Estaquia é uma técnica de reprodução de plantas. A partir de um pedaço (pequeno galho) da árvore/planta matriz, plantado sobre solo enriquecido com alguma solução enraizadora (vitamina B1), obtém-se uma muda. Nem todas as espécies se reproduzem através da estaquia, mas a maioria sim.

2) A regeneração do fígado é conhecida desde a Antiguidade. A mitologia grega conta que, depois de roubar o fogo dos deuses, Ptolomeu teve metade de seu órgão/glândula retirado, e inexplicavelmente estava com ele inteiro algum tempo depois. Hoje, sabe-se que ocorre a regeneração hepática mesmo se retirado até 80% de sua massa.

3) Um processo denominado como autotomia é a principal estratégia de defesa de algumas espécies de lagartos e aranhas. Eles podem desprender-se de partes de seus corpos para se soltarem de um possível predador, quando agarrados, ou para despistá-los (chamando a atenção para o membro que ficou para trás), em uma perseguição. Depois de algum tempo, o membro perdido se regenera.

4) A totipotência é a habilidade de uma única célula (geralmente, células tronco) dar origem à todas as outras células do organismo. Após a fecundação, por exemplo, óvulo e espermatozóide se transformam numa célula totipotente, que após multiplicar-se identicamente várias vezes, começam a se especializar, formando o organismo completo.

5) A planária, um animal plateominto de estrutura celular extremamente simples, e de ciclo evolutivo direto, pode regenerar-se mesmo que lhe arranquem a cabeça.

6) A fênix é um animal mitológico que, segundo as lendas, chegada à hora de sua morte, incendeia-se num ninho e de suas cinzas, uma nova fênix ressurge, para viver mais 97.200 anos.

Sempre há esperança de regeneração... é da natureza, do mito, da mente... tudo pode se curar! TUDO!


Texto 6 - Sócrates, pra que "te quiero"?
Sócrates, o filósofo grego, foi tão foda, que eu acho difícil você nunca ter ouvido falar dele. Se não ouviu, segue uma breve referência (só não conte que eu disse isso pros meus ex-professores de filosofia):

Ele vivia sua vida de verdureiro, tranquilamente, na pacata Atenas, por volta de 400 a.C., quando um amigo seu, muito supersticioso lhe disse: - Mano! Tu tem que conhecer o novo point da Grécia Antiga! É um tal de Delphos! – e lá foram eles para o que prometia ser ‘a maior viagem’. E foi... chegando lá, uma criatura meio indefinida, virou-se pro moço no meio da balada e disse: - Véio... tu é o cara mais inteligente do mundo! – Isso pegou nosso amigo de surpresa, e sem entender direito como poderia ser verdade, ele foi pro único lugar onde ele poderia: onde os caras inteligentes ficavam, a Praça de Ágora.

Chegado lá, ele encontrou uma turminha de mauricinhos e CDFs que se diziam os tais, cheios de conhecimento e os mais espertos do mundo. A “tchurminha” se auto intitulava “Sofistas”. Então, Sócrates, pentelho que só vendo, resolveu pentelhar os caras, assumindo uma postura de “inguinorante”. Papo vai e papo vem, os caras que se achavam “a macaca da bala Chita”, começaram a cair em contradição. Então ele sacou: - Sabe por que sou o mais inteligente do que esse povinho mais-ou-menos? Por que...

SÓ SEI QUE NADA SEI

... e é assim que deve ser! – e assim ele desbancou toda essa galera e se tornou um mito!

De volta pro século XXI, vemos que assumir uma postura humilde não é só “bunitinho pra sua cara”, mas também uma arma poderozérrima contra seus inimigos. Só assim, inflando o ego dos caras, é que você consegue extrair a verdadeira essência deles. E quando encontrar o “algo de podre do reino da Dinamarca”, poder expor tudo isso, falar que o Rei está nu, e ainda empurrar o pretensioso numa poça de lama...

Por isso, eu sugiro: se quer mesmo resolver um problema com alguém, seja cauteloso, paciente, e muito cuidadoso. Explore os recônditos de sua mente, e só então, munido de informações e motivos, você saberá como, quando e onde falar tudo. Caso contrário vira só um bate boca, e você transforma sua vida num episódio patético de Malhação.

As vezes, ao conhecer bem os motivos do outro, você acaba notando que o problema nem era tão grave quanto você imaginava, e consegue passar por isso, tirando de letra! ;)

Mais em: Textos para Reflexão - Sócrates


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Obrigado pelos comentários! E vamos comentá-los, então...

Pucci: Essa do limite foi ótima! Já adotei! rssss...
Cah: Bem feito! Os seus textos fazem o mesmo comigo... me sinto vingado! hauhauhuaha

quinta-feira, 23 de julho de 2009

This corner of the Earth is like me in many ways


I know this corner of the Earth smiles in me

Quando entrei naquele bar, vi que ele estava morto. As luzes pulsantes, a música pulsante e a pista fria careciam de expressão. Senti que, de alguma forma, eu poderia contribuir... então deixei que o lugar tomasse meu corpo. A pista chamou minha presença, as luzes me convidaram a viajar e a música possuiu meu organismo, provocando movimentos de uma dança que fluía. Senti que o bar expressava-se através de mim, enquanto minha alma se integrava ao lugar. Eu me tornei uno com ele... o bar sorriu em mim.

Quando entrei no quarto, vi que ele estava morto. A cama feita, janela fechada, roupas sobre a cadeira do computador, careciam de expressão. Eu sabia que era minha vez de dar-lhes vida, e joguei meu corpo sobre o colchão, que me abraçou. O edredom me envolveu num beijo terno e o travesseiro confortou minhas lágrimas. A luz do ambiente se tornou parte de minha mente, e se apagou, pois eu era escuridão naquele momento. Senti que eu era o quarto, pois ele era expressão de mim, e eu dele. Eu me tornei uno com ele... o quarto chorou em mim.

Quando entrei no parque, vi que ele estava morto. Árvores imóveis, grama quieta e brisa silenciosa, careciam de expressão. Soube, no instante em que o vi, que eu deveria contemplá-los. De pés descalços me sentei à sombra da árvore, rencostando-me em seu tronco. De olhos fechados expandi minha consciência e me tornei o parque! Senti a seiva que corria em cada espécime arbóreo ou arbustivo, como se fossem minhas veias. Senti o esforço do trabalho das formigas que desciam sobre meu braço. E minha mente dançou entrelaçada com as musas que cavalgavam o vento... cruzando árvores, aquecendo-se sob o sol, resfriando-se sob a sombra, zunindo num coral de grilos. Eu me tornei uno com a natureza... e eu sorri nela, abrindo com minha mente, uma flor!

Compreendi que posso fazer os bares dançarem e se alegrarem. E que o quarto pode me conceder um sorriso se eu abrir as janelas, acender as luzes e trocar as colchas por uma outra de tom amarelo. A natureza? Descobri que aquele pedaço de mundo está em mim, e eu estou nele. Se eu sorrir ali, ela floresce. E onde eu estiver e ouvir um pássaro cantar, saberei, foi aquele lugar quem o enviou com uma mensagem... um sorriso... para que o verde sorria em mim.

O limite máximo do meu corpo, de dentro pra fora, não é minha pele. É onde eu estiver! Eu sou um lugar. O que eu for, meu ambiente será, pois ele sou eu. Eu mudo o mundo com minha mente. O mundo se expressa em mim, se eu deixar. Eu e o universo somos engrenagens da mesma máquina, órgãos do mesmo corpo, centelhas da mesma alma. Somos um.

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Obrigado pelos comentários! E vamos comentá-los, então...

Duas Caras: Foi minha intenção jogar meu íntimo pra fora, amigo. Acho que acabei conseguindo... rssss... me livrei do peso que carregava! ^^
Anônimo[1]: É... você tem razão. Por isso me sinto tão livre agora.
Anônimo[2]: Explicações desnecessárias, eu suponho! rssss... Mais claro que já fui contigo, duvido que precise de mais detalhes! ^^ Em todo caso, você sempre lê minha alma antes que eu diga "olá", então acredito que tudo esteja explicado, explicitado, resolvido! Bjus! ^^
Pucci: Nascemos pra ser viscerais, meu anjo, você sabe disso! Tomamos tombos, rasgamos o peito, e nos metamorfoseamos em algo muito mais etéreo e sublime. Já somos felizes! ^^
Cah: Voltei! Voltei pra ficar. Pois não ser eu nunca esteve nos meus planos, e sei que você sente bem o que é isso. Mas este casulo feio que me envolveu foi necessário. Agora estou aqui! Contigo, também. É o amor... fazer o quê?! rssss
Da Silva: Exorcizado, catequisado e domesticado! rssss... Muito obrigado chefia. E sim, escrever é terapêutico A LOT!
comme des habitudes: "Merci"! ^^

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Rebirth!


Estou me despindo de minhas folhas de outono, entrando em rigoroso inverno. Como na parábola da águia que se isola e se mutila, para que nova penagem, bico e garras lhe cresçam mais fortes e majestosos, estou em recolhimento. Para aqueles que me conhecem pessoalmente, e acompanharam minha história nos últimos meses, reconhecem este meu momento, descrito nos posts dos textos que nomeei “Um Pouco de Tudo”.

Para quem não me conhece, nem a minha história, talvez não compreendam os “símbolos” que inseri nesta saga. E humildemente solicito: não me questionem sobre estes motivos. Espero apenas que tenham gostado, pois aqueles que leram participaram de fatos reais de minha vida... ainda que simbolicamente. Viram as coisas que, em real, aconteceram comigo. Então espero que compreendam que estou neste clima “espiritual” mesmo, que declarei no último ponto do texto anterior.

Estou em paz, finalmente. Iniciando uma nova jornada que ainda vai me tirar do sério, me fazer ranger os dentes, rir feito criança ou chorar feito uma velha saudosa... O importante, entretanto, é que voltei ao ponto zero de minha vida. Estou tendo uma chance de recomeçar. E é o que vou fazer. Me despi do meu passado, das minhas amarguras, dos meus juramentos de vingança. Me despi do sofrimento que escolhi causar a mim mesmo e escolhi, agora, atravessar a dor sem dá-la mais crédito do que realmente possui.

Paz interior. Se quiserem, chamem assim. ;)

Um Pouco de Tudo XII (Season Finale)

Leia também: Parte I | Parte II | Parte III | Parte IV | Parte V | Parte VI | Parte VII | Parte VIII | Parte IX | Parte X | Parte XI

A cena era bucólica demais para que eu pudesse suportar. Estava inquieto, como Freddy Krueger preso num quadro de Rembrandt. Um feixe de luz do sol poente entrava pela janela do quarto, refletindo na cama e paredes brancas, decorando tudo em tons pastéis. A TV estava desligada, e eu me mantinha sentado à poltrona, tendo ao meu lado um copo d’água, jarro cheio e a máscara de oxigênio para qualquer emergência. Estar no apartamento me trazia maior segurança, tanto emocional quanto física. Mas era também uma prisão...

Uma caixa de papelão aos pés da cama me lembrava, com certo mau agouro, da pressa que deveria ter para resolver aquela situação. Todo o objetivo da minha vida, pelo menos nos últimos meses, estava encerrado dentro daquela caixa. Curioso é que não tinha ânimo para abri-la. Reviver todas aquelas amarguras dilaceraria o pouco de saúde que ainda me restava... mas era um mal necessário.

Solene como quem caminha para a própria execução, me levantei, caminhei até a caixa, e não sem esforços a depositei sobre a colcha branca. Notei que o interior do quarto ficou mais escuro, pois o papelão não refletia a luz tão bem quanto o lençol alvejado. Cada aba da caixa foi aberta, e então contemplei seus documentos... Fotos, e-mails, gravações de vídeo, áudio, fitas, CDs, cartas, memórias de telefones celulares, extratos, armas e digitais... todo um emaranhado de provas concretas de crimes e traições. Todas as provas que eu precisaria para, finalmente, fazer aquela puta loira pagar por suas caprichosas idéias de me fuder. E ela chegou perto. Bem perto. Perto o suficiente para que eu não a quisesse perdoar jamais...

Uma lágrima rolou em meu rosto, a princípio. Contemplei nosso passado, no tempo em que ela foi bela, doce, um anjo. O choro irrompeu de dentro de mim numa torrente que me fazia pronunciar xingamentos obscenos, baixinho. Vi e revi em fotografias os seus olhos expressivos, sua pele branca e sedosa, seu jeito carinhoso. E como criança em pânico, deixei-me derramar o pranto sobre as imagens. E quanto mais me aproximava das fotos dos últimos dias de nosso relacionamento, notei que sua expressão ia mudando gradativamente – e também a minha... percebi como me tornei mais sério, mais velho, mais triste... e ela... doentia!

Depois de algumas horas analisando aqueles arquivos, ouvi uma voz, logo atrás de mim, questionando-me sobre o que pretendia fazer então. Pelo timbre e a cadência ritmada dos sons que sua melodiosa voz emitiam, eu sabia quem era. Suas mãos de pele negra como ébano me envolveram, por trás, pousando sobre meu peito. Enquanto isso, senti seu queixo repousando sobre o meu ombro. Rosto com rosto.

Respondi que ainda não sabia. Não tinha tomado minha decisão. E pedi, se ela poderia me sugerir uma ação sábia. E naquele instante ela o fez: “– A dor é necessária. O sofrimento é opcional...”. Ergui meus olhos para os feixes de luz, e num momento epifanico compreendi. Minhas pupilas se estreitaram rapidamente e eu simplesmente sorri, colocando os documentos de volta à caixa lentamente, e esta de volta ao chão.

Coloquei-me com cuidado sobre a cama novamente e a convidei para se deitar ao meu lado, sorrindo. Seu perfume refrescou-me quando encostou a cabeça em meu peito, e aninhou-se em meus braços, parecendo possuir metade do tamanho que realmente tinha. A luz do sol em seus olhos, ressaltando a cor caramelo, repentinamente me fizeram compreender as motivações do Romantismo.

Foi então que decidi: “A dor virá àquela que um dia foi um anjo. Com ou sem minha vendeta, ela pagará, pois se embrenhou em caminhos tortuosos. E o sofrimento que eu causaria, não seria útil. Dele, ela não aprenderia nada, ou somente alimentaria seu rancor. É melhor esquecer, e seguir em frente...” – senti do fundo de minha garganta um alívio a me emocionar. E meus olhos se abriram, não fisicamente, mas dentro de minha alma. E eu contemplei a calma. Senti, enfim, a paz interior de que aquele novo anjo em meus braços já gozava... então a beijei com um sorriso nos olhos e carinho nos lábios. E ali mesmo, a amei...

Minha doença? Aprendi a respeitar. Ela tem me imposto limites cada vez mais estreitos, anunciando meu final precoce. Encurrala-me em mim mesmo, lentamente, e me levando não mais para o abismo dos mortos... mas sim, para a sublimidade daqueles que vivem eternamente entre os deuses. Aprendi, enquanto sentia meu corpo unido ao de meu real anjo, formas de saltar sobre as muralhas e correr livremente pelas campinas além. Transcendi a mim mesmo, metamorfoseei-me. Essa dor física, ainda dói... apenas escolhi não sofrer mais.

Sob meus braços e beijos, fitei ela sorrindo. Sorri em retorno. Sentia paz. Sentia luz. Seria esse o famigerado perdão? Não sei... só não me abalava mais... nada mais.

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Kakau Moreno: É a emoção! rsss