domingo, 29 de agosto de 2010

Em 4 fases

Lua Crescente: Valentine’s Day (Garry Marshall)

Vamos deixar clara uma coisa? Não dá pra ser tão raso assim. Amor pra mim tem que ser quente, pimenta mexicana, Saara em pleno Sol do meio dia, vulcão em erupção. Sabe por que minha pele costuma ser mais quente que o normal? Sabe por que eu sinto menos frio do que você? Sabe o que me faz ser metade humano e metade louco? É minha conexão com o amor mais primitivo.

Amor e paixão pra mim são coisas que caminham juntas. E ao contrário do que dizem por aí, paixão não acaba não, se renova. O amor sim é constante... mas a paixão é uma descoberta diária do que é possível para se sentir mais e mais prazer com a companhia um do outro.

Deixa eu te mostrar que durante a tarde, enquanto o sol se põe, ainda é fácil sentir calor. Que a noite é tão fria, que nos obriga a ficar nus, debaixo de sete cobertas. Vem que eu te mostro que uma noite é pouco. 12 horas não bastam. Um dia inteiro, embora exaustivo, é recompensador... e insuficiente.

Francamente, não quero um “beijinho” ao acordar de manhã. Quero uma cena de sexo apaixonado, sobre a mesa de café, com sumo de laranja escorrendo pela sua barriga, enquanto eu tomo suco agridoce no seu umbigo. E após este tórrido café da manhã o seu cheiro de sabonete bom, enquanto seca seus cabelos após o banho, tenha certeza: vai me provocar de novo!

Reine sobre mim e me revele todo o amor do mundo. Jogue seu corpo nu em pêlo sobre o meu, e me deixa provar que isso é bonito de se fazer, uma verdadeira obra de arte. Deixa-me provar que isso que sinto por você não é uma ninfomania, e sim um amor tão intenso que me obriga a estar em volta de você, nu, beijando-te dos pés à cabeça. Ou lambendo-te... tanto faz.

Deixa que minha respiração ofegante dite o ritmo das batidas de seu coração de encontro ao meu corpo. Deixe que minha mente perturbada pela sua beleza viaje no mundo dos sonhos, enquanto eu estiver de olhos bem abertos, e suas pernas a me rodear o corpo. Deixe que eu veja a luz que atravessa as frestas desta janela sendo refletida nas suas costas, enquanto se deita na minha cama de solteiro, me espremendo contra a parede.

Preste atenção no que vou dizer, pois são as três palavrinhas que todo mundo quer ouvir sempre: “Vamos... Ficar... Nus!”

Lua Cheia: Do Começo ao Fim (Aluizio Abranches)

Eu podia ser aquele cara que te incomoda, que te invade a privacidade, que te pesquisa feito um cretino só para descobrir quem é aquele tal de “João”, na agenda do seu celular. Eu podia ser do tipo que te impede de ir pra faculdade, que te proíbe de usar aquela roupa, que dá escândalos no meio da rua ou que te obriga a fazer isso. Eu poderia ser o cara que te humilha, que grita, ou que te dá na cara! Mas não, eu te amo.

Eu podia saber teu segredo, te pegar no flagra, te chantagear, te deixar morrendo de medo. Ser aquele que te tem na mão por causa de uma palavra, que com um simples gesto detonaria tua vida. Ser aquele que te preocupa, só pelo jeito suspeito de olhar. Ou eu podia ser o seu escravo, na sua mão feito um cãozinho adestrado. Poderia dizer sim para todo e qualquer capricho seu, seu gato e sapato, onde você estiver. Mas não... Eu te amo!

Eu podia ser inatingível. Cercado de segredos que nunca digo. Poderia ser um suspeito, que te olha sempre sério, como se desconfiasse de algo ou tivesse medo de que você pudesse desconfiar. Ou eu poderia ser tão terno e afável como uma brisa da manhã em seus cabelos, puro feito um arranjo de crisântemos brancos, que não te toca ou viola. Eu poderia ser algo abstrato, imaterial como um som, etéreo, que atravessa seu corpo como luz sem que você sinta meus desejos. Eu poderia ser por você, como o amor de pai ou irmão, sublime, sem perversão. Mas não! Eu te amo...

Saiba logo essa diferença, por que eu estou falando de Amor (!!!), e não daquela “doença” que sentiram por você até agora.

Lua Minguante: Sex And The City (Darren Star Production)

Então, eu acho que falta profundidade nessa nossa relação. Fica cada vez mais difícil te amar, se não posso contar com você o tempo todo. Se não posso correr pros seus braços ternos quando o mundo me sacode. Se não posso te sacudir em meus braços quando o mundo parece quieto demais. Acho que falta profundidade, e assim fica difícil.

Dependo tanto assim de você, mas na maior parte do tempo sinto que há uma grande distância entre nós. Um abismo. E parece que tudo isso foi você quem colocou. Ou eu deixei você pôr. Tanto faz, agora... ele está lá... nos separando.

Sinto falta de poder compartilhar meus momentos contigo. De fazer dos meus momentos os seus momentos, e sentir que realmente faço parte de sua existência. Agora, somos tão independentes um do outro. Você não notou? Parece que se hoje eu me for, você não vai chorar. Vai apenas virar para o lado, atravessar a rua, e ir embora sorrindo.

Às vezes você me mostra que ainda há algo entre nós (além do abismo, claro). São momentos fugazes, rápidos e profundos, mas que terminam sempre com meus olhos brilhando em lágrimas... e você se distanciando, com serenidade, como se tivesse mil e uma borboletas voando em sua cabeça.

Sei e entendo que você atravessa um momento ruim agora. E pra ser sincero, muitas vezes eu até acho que posso te ajudar, se você quiser... repare bem: “se-vo-cê-qui-ser”. E geralmente não é o que você quer! Então como posso provar pra você que sou bom, que sou pro seu bem? Como posso provar que posso fazer parte disso tudo que é sua vida, sem me lascar?

Parece que há um abismo entre nós. Mas eu estou numa borda, usando meu All Star vermelho e jeans. E você, está na outra borda, atrás de cinco muralhas gigantes, um exército de espadachins habilidosos, no alto de uma torre enorme, vestindo uma armadura da mais leve e poderosa liga de metal.

Eu sou assim, fácil pra você. E você é assim... inatingível pra mim. Droga... me senti menor ainda.

Lua Nova: Perfume – The Story of a Murderer (Tom Tykwer)

Qual é o limite entre a sanidade e o bom senso, quando o que está em jogo é sua razão de existir? Quando o que está no comando, são seus instintos de proteção, preservação, sobrevivência... todos emaranhados por uma intensa necessidade de se manter vivo, perpétuo? Quando esta necessidade rege teus pensamentos não dando espaço ou razão para outro pensamento? Seria loucura responder “sim” a estes sentidos, sentimentos, instintos ou seja lá o que for?

E quando tudo isso se chama carência? E quando a necessidade gritante e urgente é a de um abraço, um carinho, um afago. Quando a alma necessita de um gole de esperança no meio da jornada que atravessa uma densa e perigosa floresta tropical. Qual é o limite entre a sanidade e o bom senso, quando sua razão de existir é não estar só? Seria loucura responder “sim” aos instintos que te seguram nos braços de alguém, pelo simples motivo de que você não pode, não consegue, não sabe... viver só?

E quando tudo isso se chama amor? E quando a necessidade gritante e urgente é a de estar ao lado daquela divina e humana criatura que teus olhos não conseguem deixar de ter na linha do horizonte nem por um segundo. Quando a alma implora pelo cheiro, pela voz ou pelo toque doce da pessoa que se ama. Qual é o limite entre a sanidade e o bom senso, quando sua razão de existir é amar uma pessoa? Seria loucura responder “sim” aos instintos que te impelem a atravessar milhares de milhas, pelo simples regalo de poder ter em seus braços... quem se ama?

E quando tudo isso se chama orgulho? E quando a necessidade gritante e urgente é a de manter a pose, o porte, o status. Quando a alma necessita dessa aura de austeridade, ainda que falsa. Qual é o limite entre a sanidade e o bom senso, quando sua razão de existir é não falhar em absolutamente nada? Seria loucura responder “sim” aos instintos que te mantém de cabeça erguida, pelo simples motivo de que você não pode, não consegue, não deve jamais... fraquejar?

E quando tudo isso se chama ceticismo? E quando a necessidade gritante e urgente é a de controle, razão, racionalidade. Quando sua mente necessita de informações concretas e corretas, diretas e retas, sem meandros ou meta-informações. Qual é o limite entre a sanidade e o bom senso, quando sua razão de existir é ser racional? Seria loucura responder “sim” aos argumentos que te seguram fixo ao solo como a gravidade, pelo simples motivo de que você não pode, não consegue, não deve ter fé, e crer apenas no que é... possível?

Qual é o limite entre a sanidade e o bom senso, quando sua razão de existir te confunde, a tal ponto, que lhe confere a vontade de morrer? Seria loucura responder “sim” aos pensamentos de sua mente, que é tão cruel e vil, e pior: apenas com você mesmo? Pelo simples motivo de que você não tem a atenção que julga ser merecedor, não tem o amor que acredita que exista, não deve fraquejar mas já é um fracasso, e simplesmente não sabe em quê ter fé?

O que são os limites?

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Ser feliz

Existe algo de insano na busca pela felicidade. Primeiro, por que sua existência nunca foi provada. Ela é como um mito qualquer, de alguém que já ouviu falar de um amigo do amigo, que um dia foi feliz. Segundo, por que ela está relacionada com a nossa motivação de viver. O que você seria capaz de fazer para atingir essa, talvez hipotética, felicidade?

Certa vez, consultei Dona Júlia, uma senhora muito humilde, simples, e praticamente cega dos dois olhos. Talvez enxergasse menos que 10%, mas viu coisas que não imaginei que fossem possíveis. Nominava-se cartomante.

Naquela época eu “quase amava” um unicórnio. Sim, aquele mítico animal, relacionado à natureza e a pureza de coração. Aquele ser intocado e tranqüilo, que só aparece para os justos e bons. Eu vi um. E me apaixonei. Entretanto, na mesma época, eu ainda “quase amava” um vampiro. Também, sim, aquele ser mítico que suga nossa essência vital, roubando nosso calor e alma com um simples beijo. Não bastasse isso, eu estava de viagem marcada, fundação de uma empresa marcada, era o início de uma nova vida pra mim.

Mal entrei em sua casa, e Dona Julia sorriu com seus poucos dentes e olhos cobertos pela catarata, dizendo: “Ah! Você tem uma viagem grande marcada, não é? Ai que beleza que vai ser...” – e ao contrário do esperado, eu não me assustei em perceber que ela via algo no futuro, que eu mesmo não tinha dito. Eu me senti à vontade.

Sempre me senti à vontade com pessoas que extrapolam a verdade humana. Videntes, psíquicos, médiuns, bruxas, unicórnios, vampiros, artistas... Sempre me vi muito confortável na presença destes seres fabulosos, que nos mostram o quanto é interessante ser “sobrenatural”.

Pois ela já me olhou “me vendo”, e decifrando o código do meu futuro. “Vai ser uma viagem longa, mas vai dar tudo certo”. E eu sorri, embora eu ache que ela não tenha realmente visto meu sorriso, pois ela logo se pôs a explicar que mesmo sem as cartas, ela via algumas coisas. Pedi que ela relaxasse, e me dissesse tudo o que visse.

Ela então colocou as cartas na mesa. Nos dois sentidos. Alertou-me que tanto o “vampiro” quanto o “unicórnio”, iriam ficar para trás. Mas que nessa viagem, eu conheceria Valete de Paus. “Ok!” – pensei – “Mas que diabos isso significa?”. Ela foi enfática: um jovem que fará parte de sua vida, mas que estará só interessado no seu dinheiro.

Eu ri... “Que dinheiro?” – pensei. E entre uma carta e outra, ela revelou o Às de Ouro, e mais outras cartas prósperas. Ela me disse que após três meses, as coisas começariam a melhorar, e que isso significava muitas surpresas boas para a empresa que eu estava prestes a abrir. E algum dinheiro. Foi quando ela me disse: “Você não será rico, mas terá uma vida bem confortável”. Eu pensei: “Amém”.

Em seguida, um certo Reis de Espadas, ou Paus, não me recordo bem, surgiu. Alguém mais maduro, ligado às Leis, e que me defenderia. No auge da consulta, ela me perguntou: “por que você não confia nele? Ele é quem vai te ajudar!” – pensei em seguida: “Não sei! Diga-me você, que está lendo este capítulo, eu ainda estou aqui atrás...”

No final da consulta, ela me garantiu: “Bem... pelo visto você vai ser feliz!” – e aí sim, eu me assustei.

Bem... mais de seis meses se passaram desde essa consulta. Estou sem meu unicórnio, sem meu vampiro. Não conheci nenhum “jovem” que se interessasse pelos meus parcos trocados, já que dinheiro também está me faltando, e isso me faz pensar: “cadê meu Às de Ouro?” (leia-se: “o que houve com minha empresa?”). Também não conheci nenhum advogado, juiz, delegado ou mesmo um policial que fosse me defender de qualquer coisa. E até agora estou esperando a parte do “ser feliz”.

Continuo buscando dinheiro com meu suor. Continuo buscando atenção, embora agora verdadeiramente ame um “colibri”, que voa em flores muito distantes... inacessível pra mim. Evito quem tenha cara de Valete de Paus. E sempre sou gentil com todos os Reis que me aparecem. Mas, sobretudo, continuo buscando a felicidade... ao ponto de me ver, hoje, tão triste.

Quanto mais procuro ser feliz, mais triste fico. Quanto mais continuo, mais quero parar. E esse masoquismo me fez pensar que realmente há algo de insano, pervertido, na busca pela felicidade. Primeiro, por que ela não é provada. Segundo, por que dói.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

'Tá falando com quem?


Inserido no meio de tanta merda, de tanta coisa estranha e sem sentido, vivendo cada atitude mais louca que outra, eu me vi desesperado. Estava sentado na cama, às 2 horas da manhã, após assistir um filme de suspense/terror. Eu não sentia medo, nem nada. Eu não sentia nada. Só estava triste pela minha atual situação e tudo o que vem acontecendo até aqui. Então olhei pro teto do meu quarto, mas enxergando além com a minha imaginação... eu olhei pro céu...

Minha mãe, católica, me fala muito de Nossa Senhora. Meu pai, kardecista, insiste para que eu tenha bons pensamentos e atraia apenas boas energias e a proteção dos Espíritos Guardiões com isso. Também me dizem para que confie no meu Orixá, Oxum e principalmente na justiça de Xangô, que logo Oxalá vai livrar os meus caminhos (até jogaram pó de pemba por todo o meu quarto). E também tenho recebido muita orientação evangélica, a partir de uma visão de Cristo que eu não compartilho até então.

Pois eu fiquei olhando o teto do quarto, imaginando o céu, e não sabia com quem falar. Não sabia a quem pedir ajuda. Não sabia se realmente existia alguém lá. Fiquei pensando no céu que eu via com a mente, e vi o universo também. Eu vi Saturno, claro, o planeta mais clichê da imaginação humana... e lembrei que aqueles suntuosos anéis nada mais são do que poeira e gelo em pequenos (enormes, na verdade) blocos... não são anéis reais. E Deus, o que seria? Quem seria? Qual seria?

Ontem a noite eu não orei, não rezei, nem fiz preces ou preceitos. Eu cantei um trecho de uma música, como uma criança faria para espantar a solidão e o medo do escuro. Sei que tem alguém do outro lado dessa dimensão que nos assiste, ou pelo menos quero crer que sim. Então espero que tenha ouvido meu cântico... o trechinho dizia: "Nesse quarto escuro existe um menino assustado... Ele é sozinho e teme que o mundo encontre o seu cantinho. Entrega ele pra cuidar, eu sei guardar segredo, eu sei amar! Não conto pra ninguém que esse menino é alguém de barba e gravata, e esse quarto escuro é sua alma..."

Certa vez minha irmã me disse: “Anda brigando com Deus é? Esse bate e assopra total e infinito na verdade é você esperneando tentando se encontrar... quando seu coração voltar pro lugar certo, espero que encontre o que está procurando”. E eu digo: “Amém”.

"Não se turbe o vosso coração, crede em Deus e também em Mim. Na casa de Meu Pai há muitas moradas (João 14:1-2). Se não fosse assim, eu não teria dito: vou preparar-vos um lugar, eu virei e vos levarei para Mim mesmo(João 14:2-3). Vós conheceis o caminho para onde Eu vou(João 14:4). Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por Mim(João 14:6). Em verdade eu vos digo, porque eu vou para o Pai... Mas aquele que crer em mim obras maiores fará(João 14:12)".